11 setembro 2012

Reconciliação

“Quero me separar.”
“O quê?”
“Você ouviu. Quero me separar.”, repetiu ela impaciente.
Ele ouvia, perplexo, com a xícara de café em uma mão e o jornal em outra. Perguntava-se onde havia errado, se realmente tinha escutado corretamente. Pensou em insistir no seu “O quê?”, mas parecia-lhe improvável que isso fosse mudar a situação.
“Por quê?” resolveu, após alguns minutos de muita reflexão, perguntar.
“Você não me ama mais.” disparou ela, com lágrimas nos olhos.
É verdade que fazia um mês que não a levava para a cama, mas isso não significava que não a amava mais. Pelo contrário, mantinha a libido contida para dar-lhe uma vida melhor, uma vida de princesa, como ela merecia, pelo menos na cabeça dele. Viu, afinal, que estava errado.
Abraçou-lhe e disse que não queria que isso acontecesse. Ela, ainda com lágrimas nos olhos, tentou desvencilhar-se do abraço como um adolescente tenta levantar cedo numa manhã de sábado.
As lágrimas intensificaram-se. Não se ouvia nada. O silêncio só era quebrado pelos soluços irregulares da jovem. Depois de longos minutos abraçados, ele beijou-a como nunca havia beijado mulher alguma.
Ela, surpresa, retribuiu. Agora as lágrimas eram comunitárias e, mesmo sem trocar uma palavra, ambos sabiam o que estava escrito ali. Qualquer um sabia. Os dois corpos protestavam concomitantemente contra as palavras proferidas pela moça instantes mais cedo.
Seguindo um roteiro praticamente escrito nas entrelinhas, ele começou a retirar sua blusa. Caminhavam em direção ao quarto. Ele fechou a porta.
Tudo que se ouviu aquela noite foram os gemidos e sussurros de um casamento que permaneceria eterno, pelo menos em ambos.

Escrito por: Felipe T. de Avelar (11/09/2012)

28 agosto 2012

Maço de Cigarro


Abriu os olhos com um calor estranho em seu rosto. A luz do sol incomodava. A noite anterior estava toda em sua cabeça. E doía. Sacou um cigarro de seu maço, acendendo-o. Olhou para a cama onde estava deitado a pouco, sentiu, então, ser dominado por um nada.
A cama king size tinha um lado vazio. Lado que era ocupado apenas pelas lembranças que estavam no porta-retratos do criado-mudo. Memórias empoeiradas e desbotadas.
O cigarro queimava. Em cada cinza uma lembrança, como se fosse um filme. Passavam-lhe na cabeça os sorrisos, o brilho nos olhos. Os beijos, ah, os beijos.
E o vazio da cama lhe tomou por completo. Já no segundo cigarro, só queria saber o que tinha feito de errado. Achava que era pra sempre, que ela nunca ia partir, mas, como seu primeiro cigarro, tinha terminado e o maço, agora, estava preenchido apenas com as fotos rasgadas.
Enquanto uma lágrima fugia de seu olho sem permissão, ele se culpava por todos os erros e acertos. Já tinham lhe dito que não havia erros, apenas o seguir em frente, que devia se preocupar em tentar se levantar desse tropeço, focar na carreira, essas coisas que se falam quando deixar a zona de conforto é muito difícil, quando é mais fácil focar nas palavras bonitas e vazias, esquecendo que ali tem um coração partido.
E ao fim do segundo cigarro, ele começou a escrever e tentou passar, em seus textos de estética duvidosa o que você está a ler, enquanto ele tenta não se corromper na sua vida apática, escondendo-se atrás de suas linhas inertes.

Escrito por: Felipe Teixeira de Avelar (27/08/2012)

23 dezembro 2011

Faça valer


Chegou de mansinho, pedindo licença pra entrar. E, silenciosamente, virou um turbilhão de emoções e pensamentos que se misturavam em um balde de curiosas sensações desconhecidas.
Sem a polidez inicial, apareceu com atritos e soluções. Trouxe muitas alegrias e seguiu seu curso, incessante, sem parar para saber de cada um. Como um rio impiedoso, levou-me em frente e, com a correnteza muito forte, por diversas vezes quase me afoguei. Segui em frente, porém, e, por sorte, encontrei pessoas maravilhosas na minha trajetória. Vivi experiências, no mínimo, inusitadas e, de tudo isso, só tirei as lembranças para mim.
Passei por nuvens negras, paisagens ensolaradas, pelo frio e pelo calor. Não é porque terminou, que não deu certo. As lembranças que ficam é o mais importante, desde que não apodreçam você por dentro. E se apodrecer, que suma de sua vida, afinal, ela é muito curta para você manter sujeiras, arrependimentos, tristezas.
Que o Sol nasça cada vez mais brilhante, que a água molhe cada vez mais, que o canto dos pássaros seja cada vez mais bonito e que a infelicidade seja cada vez menor. Prometa estudar mais. Procrastine mais, afinal, como ser brasileiro sem procrastinar um pouquinho? Faça que o mundo ande e que ande na sua velocidade. Espalhe amor. Seja, simplesmente, feliz.
Siga em paz o seu curso pelo próximo rio que começará em alguns dias.
Adeus 2011.


Tudo vale a pena, quando a alma não é pequena” – Fernando Pessoa.


Escrito por: Felipe T. de Avelar (23/12/2011)

27 novembro 2011

2 Meses

Procrastino a despedida,
para fugir da solidão.
Procuro em cada esquina,
uma companhia pro meu coração.

Mas os olhos delas,
não são os teus.
E lhes faltam o sorriso envergonhado,
tão belo em você.

Tudo que eu quero é
um pouco mais de ti.
Saciar meu vício infindável,
que insiste em não diminuir.

Mas quando a saudade apertar,
as memórias vão aliviar um pouco da dor,
até o tempo te trazer de volta pra mim.


Escrito por: Felipe T. de Avelar(27/11/2011)

24 julho 2011

Noite Fria

Como me sinto só em noites frias,
pois se reparo que está fria,
é porque estou só,
e, pairando a solidão, sinto-me triste.

Se de mim dependesse,
todas as noites frias,
tornariam-se calorosas
com o seu amor.

Essas palavras que escrevo,
enquanto te espero na solidão,
torna desta noite,
a noite mais fria que vivi.

Pois após experimentar teu amor,
torna-se difícil afastar-me de ti,
e quando isto ocorre,
penso, cada minuto, em ti.

minutos longos,
que demoram a passar,
e fico aqui pensando em ti,
esperando a noite fria acabar.

Escrito por: Felipe T. de Avelar(21/11/2005)
Editado por: Felipe T. de Avelar(23/07/2011)

16 junho 2011

Desejos

Nesse mundo louco, onde ninguém pode sonhar, eu sonho com mais tempo. Tempo pra sonhar mais, tempo pra sorrir mais, chorar mais, divertir-me muito mais. Tempo para terminar um trabalho, para rir com um amigo. Tempo para ir a um bar, tempo para me irritar com um professor.

Tempo para amar.

Tempo é muito do que quero, é muito do que eu preciso. Com mais tempo eu poderia ler mais, assistir mais filmes, comer mais (acreditem, comer mais, de fato). Mas não me basta o tempo, só ele não satisfaz os meus desejos. Eu quero não ter hora pra acordar, quero não ter hora para dormir. Quero apreciar a paisagem, apreciar a correria insana na cidade. Quero apreciar mais os campos de plantação que vejo pela janela do ônibus. Quero ouvir mais músicas. Quero beber mais, me pirar mais. Quero me preocupar menos, quero te preocupar menos. Quero trabalhar mais.

Quero viver mais.

E, quando tudo isso passar, quero você, deitada em nossa cama, esperando meu beijo. Quero o seu abraço. Quero ouvir você me dizer: “Eu te amo”.


Escrito por: Felipe T. de Avelar (16/06/2011)

10 maio 2011

Epifania da Madrugada

Às vezes eu me pergunto: “Por que escrever textos que, possivelmente, nunca serão inspiração para alguém? Ou mesmo serão lidos?”. Parece egoísmo com eles, mas, então, eu lembro que é necessário expressar tudo que se sente e, mesmo quando eu tenho tudo apagado dentro de mim, quando o mundo some sob meus pés, tudo que me resta são as palavras.

Palavras que me fazem lembrar o que fui, palavras que me fazem lembrar o que sou. Uma força tão grande, incontrolável, que me leva em frente. Amigas nas horas vagas, elas me preenchem com todas as emoções, tudo que eu necessito pra ir em frente.

E, num mundo vazio, onde tudo que sobre são as falsas sensações, tudo que eu quero são mais 500 dias com elas. Passando por cada fase, desde a felicidade suprema, até a depressão infernal. Tudo que eu e meu âmago lutamos para encontrar um caminho, uma luz, esse desafio que nos faz refletir sobre a real razão de estarmos aqui, se realmente vale a pena aquele sofrimento destrutivo.

E, quando tudo passa, o que vem é a paz e saudade. Nem tudo foi feito pra ser, muito menos pra não ser, tudo é uma questão de tentar, de arriscar e, ao errar, vemos se poderíamos ter feito melhor e o fazemos, num futuro próximo. Falar de amor, um de meus temas prediletos, é complicado, quando ele mais parece me destruir aos poucos, pelo menos é o que tento transparecer em meus textos, porém, no fundo, meu sentimento em relação a ele é bem diferente.

Claro que o fim dói, não queremos nunca o fim, não queremos magoar, muito menos sermos magoados, mas isso faz parte do caminho e de uma trajetória linda. Tantos são os filmes que falam de decepções amorosas, mostram a trajetória e emocionam com extrema maestria que as lágrimas de nossos olhos inchados não nos deixam mentir. Por isso é importante lembrar daquilo que foi bonito. Apesar de, inicialmente, nos fazer sofrer, esse sentimento há de se perpetuar (não o sentimento de dor, mas o de saudosismo) e, quando bem trabalhado, nos levará a outro estado de maturidade.

E isso é o necessário pra seguir em frente, pra amar novamente, pra crescer de novo. Não se deixe abater pelas lembranças, fortaleça-se com elas. Renove-se. Evolua. Siga o seu caminho e, quando acontecer, deixe seu caminho ser cruzado por outro, seja ele um caminho do passado ou do futuro. Apenas se divirta nessa trajetória tão excitante da vida e do amor.

Texto escrito por: Felipe T. de Avelar(10/05/2011)

12 abril 2011

Falsa Utopia

Num mundo cada vez mais louco, que não se tem tempo para passar com a família, que ele serve para tudo, menos para estar com aquela pessoa amada do seu lado. Onde ficam o amor e o carinho? Talvez os sintomas desse mundo tecnológico insano, onde a informação corre mais rápida que a luz, estejam começando a aparecer. Quando um maluco entra numa escola e mata 12 crianças, seja o motivo que for, não é normal. Mas será que só ele é culpado por tudo isso e não falo do “bullying” aqui, porque isso já é uma prática antiga, mas nem por isso nossos pais saíram atirando em salas com crianças.

Talvez, o problema, seja exatamente a falta de preocupação dos pais, a ausência de núcleos familiares e não se pode dizer que tudo isso é culpa dos pais. A dinâmica do mundo mudou, os jovens “nerds” que eram solitários na década de oitenta, puxaram a solidão junto consigo para esse novo mundo controlado por eles e, simplesmente, todo mundo aceitou. A solidão, mesmo com vários companheiros ao seu lado, é vista em cada olhar perdido, de cada pessoa nesse mundo. Muitos resistem e procuram mudar essa dinâmica, mas, sem amor e compreensão, como seria possível?

O mundo corre muito e tem me deixado pra trás. Eu não quero correr atrás de tanta incompreensão, de tanta infelicidade. Só quero ver o pôr-do-sol de cada dia, ver o sorriso de uma criança, ver a alegria estampada na face daqueles que amo. Só peço que o mundo pare pra eu descer, porque descer em movimento vai machucar tanto que talvez eu não aguente, mas pedir pra ele parar talvez seja um pouco demais, né?

Só quero poder ter paz, uma paz interna, uma paz eterna, uma paz sincera. Será que é tão difícil pra todos procurar a calma e conseguir aproveitar cada momento? Será que isso é só o desejo de um sonhador? Será que ninguém quer descer no próximo ponto comigo?

A todos que querem me seguir, que querem amar mais, sorrir mais. A todos que querem mais tempo pra compartilhar com as alegrias da vida, esse texto é pra você. Acompanha-me, nesse sonho louco que é querer viver a vida.

Sorria pelo menos uma vez no dia, porque, ali, do seu lado, tem alguém querendo te ver sorrir pra fazê-lo junto de ti. Ria sem motivo, rir faz o mundo sorrir, mesmo correndo, todo mundo gosta de sorrir (as pessoas só não sabem disso, ainda). Chore quando necessário for, não guarde pra si as amarguras da vida, melhor uma lágrima do que um projétil atingindo o a pessoa que te vez chorar, certo? Compreenda, tudo tem motivos, os meios podem não se justificar no final, mas eles se explicam no processo.

E, finalmente, sonhe, o mundo sempre mudou com grande sonhadores, não foram ideais, não foram inventos, pois estes não existiriam sem sonhadores. E foram os sonhos desses sonhadores que mudaram o mundo e que ainda mudam, depende de você fazer de um sonho uma realidade.


Escrito por: Felipe T. de Avelar (12/04/2011)