Reconciliação
“Quero me separar.”
“O quê?”
“Você ouviu. Quero me separar.”,
repetiu ela impaciente.
Ele ouvia, perplexo, com a xícara
de café em uma mão e o jornal em outra. Perguntava-se onde havia errado, se
realmente tinha escutado corretamente. Pensou em insistir no seu “O quê?”, mas
parecia-lhe improvável que isso fosse mudar a situação.
“Por quê?” resolveu, após alguns
minutos de muita reflexão, perguntar.
“Você não me ama mais.” disparou
ela, com lágrimas nos olhos.
É verdade que fazia um mês que não
a levava para a cama, mas isso não significava que não a amava mais. Pelo
contrário, mantinha a libido contida para dar-lhe uma vida melhor, uma
vida de princesa, como ela merecia, pelo menos na cabeça dele. Viu, afinal, que
estava errado.
Abraçou-lhe e disse que não
queria que isso acontecesse. Ela, ainda com lágrimas nos olhos, tentou
desvencilhar-se do abraço como um adolescente tenta levantar cedo numa manhã de sábado.
As lágrimas intensificaram-se.
Não se ouvia nada. O silêncio só era quebrado
pelos soluços irregulares da jovem. Depois de longos minutos abraçados, ele
beijou-a como nunca havia beijado mulher alguma.
Ela, surpresa, retribuiu. Agora
as lágrimas eram comunitárias e, mesmo sem trocar uma palavra, ambos sabiam o
que estava escrito ali. Qualquer um sabia. Os dois corpos protestavam concomitantemente contra as palavras proferidas pela moça instantes mais cedo.
Seguindo um roteiro praticamente
escrito nas entrelinhas, ele começou a retirar sua blusa. Caminhavam em direção
ao quarto. Ele fechou a porta.
Tudo que se ouviu aquela noite
foram os gemidos e sussurros de um casamento que permaneceria eterno,
pelo menos em ambos.
Escrito por: Felipe T. de Avelar (11/09/2012)
2 Comentários:
" -I don't love you any more.
- Since when?
- Now, just now!"
Esse post me fez lembrar de um diálogo que vi em um filme..
-I don't love you any more.
- Since when?
- Now, just now!"
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