28 agosto 2012

Maço de Cigarro


Abriu os olhos com um calor estranho em seu rosto. A luz do sol incomodava. A noite anterior estava toda em sua cabeça. E doía. Sacou um cigarro de seu maço, acendendo-o. Olhou para a cama onde estava deitado a pouco, sentiu, então, ser dominado por um nada.
A cama king size tinha um lado vazio. Lado que era ocupado apenas pelas lembranças que estavam no porta-retratos do criado-mudo. Memórias empoeiradas e desbotadas.
O cigarro queimava. Em cada cinza uma lembrança, como se fosse um filme. Passavam-lhe na cabeça os sorrisos, o brilho nos olhos. Os beijos, ah, os beijos.
E o vazio da cama lhe tomou por completo. Já no segundo cigarro, só queria saber o que tinha feito de errado. Achava que era pra sempre, que ela nunca ia partir, mas, como seu primeiro cigarro, tinha terminado e o maço, agora, estava preenchido apenas com as fotos rasgadas.
Enquanto uma lágrima fugia de seu olho sem permissão, ele se culpava por todos os erros e acertos. Já tinham lhe dito que não havia erros, apenas o seguir em frente, que devia se preocupar em tentar se levantar desse tropeço, focar na carreira, essas coisas que se falam quando deixar a zona de conforto é muito difícil, quando é mais fácil focar nas palavras bonitas e vazias, esquecendo que ali tem um coração partido.
E ao fim do segundo cigarro, ele começou a escrever e tentou passar, em seus textos de estética duvidosa o que você está a ler, enquanto ele tenta não se corromper na sua vida apática, escondendo-se atrás de suas linhas inertes.

Escrito por: Felipe Teixeira de Avelar (27/08/2012)