09 novembro 2010

Recipente

Eu não sou nada além de um casco vazio. Um vaso sem preenchimento de sentimentos... Um jarro sem alma. Tento seguir em frente com a minha futilidade mundana, mas o tempo mostra-me o quão insignificante sou perante ele.
São horas da madrugada que passam voando e meu corpo, que antes não doía, agora urra pelo colchão confortável e geme de prazer ao relaxar na horizontal. Sinto os pêlos de barba crescer. Não gosto, porém, mais incômodo é dar um fim diário a esse crescimento contínuo. Entretanto, quando não o faço, olho-me no espelho e um rosto acabado toma forma no reflexo.
Nada além do meu "eu" vazio e pequeno, escalando a muralha, infinitamente maior, da vida. Tento seguir subindo, mesmo com as quedas desse abismo, muitas levando-me a situações críticas, mas sempre tenho um para-quedas, uma válvula de escape que sempre estoura por excesso de pressão.
Todavia eu continuo a seguir, em qualquer direção e, se não encontro meu rumo, deixo ele me encontrar, embriagado de insegurança, em alguma sarjeta, mendigando compaixão.

Escrito por: Felipe T. de Avelar (09/11/2010)

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