Ela

Ele olhava distraidamente os pingos de chuva que batiam, inutilmente, contra a janela. Chamaram-no três vezes pelo nome, mas não queria atender àqueles chamados, não queria fazer tarefa alguma.

Via os livros jogados sobre a cama. Uma caneta e um caderno completavam o cenário acadêmico do quarto. Pensava nas horas perdidas, nos momentos que poderia ter gasto com a paixão recente que tomara seu coração.

Porém ela já partira, fazia dois dias, e deixara, apenas, uma foto, um beijo, um "eu te amo" e ótimas lembranças. Recordações inesquecíveis das tardes sob a sombra falha das folhas das árvores, com uma brisa agradável e risadas inocentes pelo simples fato de serem jovens alegres.

Não conseguia esquecer o sorriso sereno, o brilho intenso do olhar dela, as mãos quentes que lhe ofereciam conforto com um forte abraço e dos lábios gentis que nunca haviam tocado os dele.

Fizeram a promessa de reencontrarem-se no futuro e tudo que restou a ele foi a foto, o beijo, o "eu te amo", ótimas lembranças, a lágrima perdida na partida e o vazio onde deveria estar o que chamavam vulgarmente de coração.

->Escrito por Felipe T. de Avelar (03/12/2007)