23 março 2007

A Última Prosa

Tudo começou para mim 11 anos atrás. Há 11 anos, eu entrava no Ensino Fundamental e lembrava de como tinham sido meus últimos dias na alfabetização. Começava ali outra fase, a mais longa que vivi até hoje, iniciava-se o ensino fundamental, que duraria os oito anos seguintes de minha vida. Comecei no Santa Cecília e continuei até o término do curso, no meio do caminho vivi diversas experiências, achei os melhores amigos, descobri os melhores livros, brinquei as melhores brincadeiras, dei meu primeiro beijo, namorei pela primeira vez, muitas coisas que me fizeram crescer como homem ou, sendo mais profundo, como um ser que nunca imaginaria ser capaz de me tornar. No meio da minha caminhada, alguns amigos chegaram outros partiram e algumas vezes aos “trancos e barrancos”, outras de “bem com a vida”, cheguei ao ensino médio com as pessoas que hoje me tornam um ser completo.

Passaram-se mais três anos no Ensino Médio, pensava eu que seria a pior parte de minha vida até onde fora vivida. Mudanças aconteceram, mais amigos chegaram e, da mesma forma, vários amigos partiram. Conheci pessoas novas, me aproximei de muitas delas e me afastei de pessoas que haviam mudado, pois como todo ser, mudamos constantemente, mas não deixei para trás o que me tornava mais experiente. Procurava sempre o caminho mais vantajoso, nunca me preocupei demais com o futuro, afinal: “se preocupar é tão eficaz quanto mascar chiclete pra tentar resolver uma equação de álgebra” já dizia um sábio escritor e com essa frase, eu seguia na mente que tudo há de se resolver e, que muitas vezes, se preocupar com o futuro em demasia pode acarretar sérios danos, pelo simples fato de não se ter o poder de controlar o que vem a seguir; e de não saber se tudo vai mudar, se o plano vai continuar como tudo tinha que ser e assim completar com êxito o tão esperado evento que sonhamos.

Cheguei aqui, no Terceiro ano do Ensino Médio, com sonhos, problemas e medos que todos nós, seres humanos, estamos sujeitos a possuir ou sofrer, cresci junto com eles e percebi que todos os sonhos são alcançáveis, todos os problemas superáveis e todos os medos enfrentáveis.
E nessa longa caminhada eu chorei, amei, cresci, brinquei, briguei, pulei, enfim vivi o que tinha que viver e viver sem nenhum arrependimento, sem lembrar que talvez o amanhã mude tudo o que você pensou, mas o que é o amanhã se não o ontem de depois de amanhã?

Sempre lembrei que depois da chuva vem a calmaria e que quando a gente acha que nada pode piorar, as coisas podem piorar, mas porque não pensar que tudo vai melhorar? E assim seguir de cabeça erguida pelo longo caminho da vida, o qual temos medo de que chegue ao fim, mesmo sabendo que estamos sujeitos ao fim a qualquer hora, afinal o risco de estar vivo é morrer, mas qual seria a graça de uma vida sem riscos, teríamos que reinventar nosso modo de viver e assim nos chatearmos sem ter o que fazer. E sempre queremos fazer alguma coisa, queremos ser lembrados para sempre, eternizados em livros, lendas, memórias, ter significado na vida de terceiros e, para isso, muitas vezes esquecemos da vida que temos. Mas na verdade, meu simples sonho, não é ser o melhor farmacêutico do mundo, nem ser a pessoa mais rica, tudo isso é supérfluo, tudo o que eu tenho em mente para um futuro perfeito é uma família não tão perfeita - pois a perfeição é sem graça – e com ela continuar a ser a pessoa que sempre fui. Felicidade essa é a palavra chave pra viver uma vida bem vivida. Muitos a almejam, mas não tem a capacidade, ou melhor, a delicadeza de reparar que ela se encontra nas coisas mais simples como olhar pro céu estrelado em uma noite fria ou no belo pôr do sol com a pessoa amada ao seu lado, não tem a simplicidade de reparar que no mais simples gesto se é capaz de encontrar a felicidade. Eu posso dizer que sou feliz, não porque minha mãe pode me dar alguma coisa ou outra, muitos têm mais que eu, mas as vezes eles não conseguem simplesmente ver no sol ou na chuva uma razão pra sorrir, não quer simplesmente ser capaz de reparar nas coisas mais simples.

Enfim, para resumir tudo o que eu quis dizer com essa prosa, a última prosa antes de “virar gente grande”, é que a felicidade está no simples fato de viver e que para viver precisa-se de um presente e não de um futuro, pois o futuro pode nunca chegar e aí você não terá nada para contar como a vida cheia de aventuras que seus netos hão de sonhar, viva como se fosse não o último dia de sua vida, mas sim como o primeiro, pois a descoberta de experiências novas está no simples fato de viver, viva e seja feliz.

->Texto produzido por Felipe T. de Avelar (22/03/2007)

2 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Não é por ser meu filho, mas esta me saindo um belo "Fernando sabino" (risos)

5:36 PM  
Anonymous Anônimo disse...

Nossa, muito lindo o texto. Muitas verdades também. =) ;*

6:18 PM  

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