16 dezembro 2010

O Incrível Circo

O show começou. Perto do centro de um país enorme, dentro de uma das maiores pizzarias do mundo iniciava-se, mais uma vez, uma atração fantástica, mas que ninguém gostava.

Repleto de mágicos, o dinheiro público sumia rapidamente, em frente ao povo que, sofridamente, juntava os míseros tostões que sustentavam aquele show bizarro. A platéia, no entanto, era um espetáculo a parte. Com as bandeiras vermelhas, gritavam pelo próximo número e, enquanto aguardavam, apertavam os seus narizes de borracha da mesma cor das bandeiras.

Faziam os seus representantes rir abastadamente, assim como qualquer palhaço deve fazer para entreter sua platéia. O problema era o fato de a platéia ser a piada e não os artistas que deveriam prover as risadas. Em seguida, entraram os equilibristas, os quais, por mais que a corda balançasse, arranjavam um jeito de equilibrar-se e, quase que magicamente, saiam impunes de uma queda que parecia ser inevitável. E a platéia que já assistira seu dinheiro suado sumir magicamente, agora se maquiava e, se não aplaudia, não vaiava a atuação amadora daqueles equilibristas. Na realidade, poucos o enxergavam no meio de tantas distrações ao seu lado.

E, a cada quatro anos, esse espetáculo tinha um novo início, com novos personagens nos papéis principais, mas os figurantes, mesmo que não devessem ser, continuavam os mesmos e a história se repetia. Como um filme da “Sessão da tarde”, velho e sem graça.

Podem mudar as caras, mas as habilidades são as mesmas, conhecidas por todos nós, palhaços, que assistimos com uma revolução inerte, que não transforma a sociedade. O pior disso tudo, não são os artistas principais, mas a platéia que continua a pagar o ingresso desse espetáculo maluco e sem nexo algum. Entrega-lhes facilmente, o que dificilmente conseguiu, depois de tanta luta.

Brasil sempre foi e, talvez, sempre será uma atração estranha, a qual será transmitida diretamente para todo mundo, onde o centro desse espetáculo será Brasília e o povo rico desse país. Rico em fome, em ignorância, em inércia. Rico em pobreza.


Escrito por: Felipe T. de Avelar (15/12/2010)