15 setembro 2008

Diário


11 de setembro de 1970

Escrevo estas palavras, amedrontado, num canto dessa sala escura e fria. Escuto gritos lá fora, dos mais diversos, dos agudos irritantes, que perfuram o ouvido, aos graves inquietantes, que dão medo ao pensar uma criatura soltando tais ruídos. Escuto os roncos de motores e me pergunto como está o dia lá fora. Será que o Sol brilha pra todos? Ou só alguns tem o "direito" de vê-lo brilhar?
Tenho Feridas pelo meu corpo todo. Do meu nariz escorre um líquido viscoso, que acredito ser sangue, porém não posso identificá-lo por causa das trevas que me cercam, a única coisa que sei é que ele surge dentro de mim e sai com o desespero que sinto por estar aqui.
E, por mais gritos que escute, por mais hematomas que cubram meu corpo, por mais escura que seja essa sala, por maior que seja a dor que desatina do meu corpo, alma e coração; eles não conseguirão apagar o sonho de liberdade que passeia dentro de mim, não conseguirão impedir-me de gritar sileciosamente por justiça, não conseguirão cessar as lágrimas que jorram do meu coração e que inundam minha cabeça com tanto sofrimento, não conseguirão silenciar o meu o meu protesto com armas e torturas. Eles não conseguirão dominar e tomar-me minhas idé


[Arquivo 07081989, Sessão OD, Motivo: Estimulo à desordem]

Escrito por: Felipe T. de Avelar (14/09/2008)